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Após encontro na Casa Branca, governo do Brasil vê largada efetiva ao negociar tarifas
Após encontro na Casa Branca, governo do Brasil vê largada efetiva ao negociar tarifas
Por Julia Chaib, Folhapress
16/10/2025 às 17:27
Atualizado em 16/10/2025 às 18:17
Foto: Divulgação/Embaixada do Brasil em Washington

Integrantes do governo brasileiro avaliam que a reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, representou a largada para uma negociação séria pela redução das tarifas aplicadas ao país.
Essa é a mesma percepção com que saíram do encontro membros do governo de Donald Trump, segundo um interlocutor americano relatou à reportagem. Embora não haja uma decisão imediata pela diminuição das sobretaxas, a conversa foi considerada positiva por indicar a disposição dos dois lados por um acordo.
Vieira se reuniu nesta quinta-feira (16) com Rubio na Casa Branca. Os dois tiveram um primeiro encontro que durou cerca de 15 minutos. Depois, houve uma conversa ampliada, com equipes de ambos os governos. Do lado americano, participaram o representante comercial Jamieson Greer e integrantes do Departamento de Estado. Do brasileiro, foram a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, e outros diplomatas.
Um integrante do governo brasileiro classificou o encontro como muito bom. Segundo um interlocutor do governo americano, na reunião estendida, as partes trataram só de assuntos comerciais, mas não teria havido acordo fechado. Na reunião entre Rubio e Vieira, o americano teria abordado assuntos políticos.
O governo brasileiro pretendia pedir a redução das tarifas de 50% ao país e o fim de sanções aplicadas pelos EUA, como suspensão de vistos e punições financeiras a autoridades.
A reportagem apurou que, antes da reunião, integrantes do governo Lula adotavam cautela e ponderavam que o encontro não seria definitivo. O time brasileiro tinha sugestões em três frentes caras aos americanos para sinalizar como oferta e tentar azeitar o clima: discussões sobre etanol, minerais críticos e big techs.
A ideia era fazer gestos nas áreas de interesse aos EUA para empurrar a negociação ao campo comercial. Em relação ao etanol, o governo considera retomar o regime de cotas ou mesmo criar mecanismos para incentivar que o etanol americano entre por portos brasileiros no Sudeste.
O principal temor de produtores e políticos brasileiros com a possível entrada de etanol de milho americano são as usinas do Nordeste, menos mecanizadas e de menor competitividade do que no Sudeste. Trata-se de um tema com alta sensibilidade política e que mobiliza políticos nordestinos no Congresso.
Com relação a minerais críticos, há interesse do Brasil em criar uma indústria para a exploração desses bens. Uma ideia na mesa é oferecer aos EUA uma parceria de investimento, no qual o país ajudaria a bancar a exploração desses minerais em troca da garantia de uma cota de compra.
No setor de big techs, o governo considera haver pouco a fazer, já que as discussões são centradas no Congresso e no STF (Supremo Tribunal Federal). Mas haveria a possibilidade de discutir assuntos relacionados à regulação feita pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) às empresas. Para os dois últimos setores, o governo poderia oferecer a criação de grupos de trabalho que elaborarão propostas sobre o tema.
