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Cabeça do crime organizado está 'na praia de Miami', não na Penha, diz Haddad
Cabeça do crime organizado está 'na praia de Miami', não na Penha, diz Haddad
Segundo titular da Fazenda, operação da Receita apreendeu mais de 1.000 fuzis 'sem dar um tiro'
Por Pedro S. Teixeira/Folhapess
31/10/2025 às 18:30
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo
O ministro Fernando Haddad (Fazenda)
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou, nesta sexta-feira (31), que as lideranças do crime organizado não vivem em comunidades como os complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, e sim "de frente para praia". "Estão morando em Miami, morando em Portugal, morando em outro canto", afirmou.
Haddad disse que vai compartilhar com o governo do Rio as informações que a Receita Federal levantou durante a deflagração da Operação Carbono Oculto, que identificou ligações do PCC (Primeiro Comando da Capital) com o setor de combustíveis e com o mercado financeiro, e teve ações de busca e apreensão na Faria Lima.
Segundo Haddad, o governador Cláudio Castro (PL) está desinformado sobre como opera o crime organizado em território fluminense. "O que nos permitiu avançar no combate ao crime organizado [foi] a questão dos combustíveis, que é uma das principais fontes de financiamento do crime organizado no Rio".
"Me parece que o governo do Rio não estava informado adequadamente a julgar pelas ações, pelas medidas que tomaram, que foram contrariadas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça essa semana", acrescentou.
Haddad afirma que pretende consolidar em lei a Delegacia de Combate ao Crime Organizado, que já opera sob o guarda-chuva da Receita Federal desde 2023.
"Eu quero formalizar porque no mundo inteiro a Receita Federal atua com o suporte dos órgãos de segurança pública, porque ao atuar na fiscalização, ela acaba se deparando com crimes tributários e não tributários", afirmou o ministro.
A própria Receita apura os crimes tributários e tem a obrigação de comunicar os demais aos órgãos de segurança pública, nos níveis estaduais e federal.
Como exemplo da eficiência da Receita, Haddad citou a operação Fronteira, encerrada nesta sexta-feira. "Em 15 dias, foram presas 27 pessoas. Nós apreendemos 213 mil litros de bebida no terreno, 3,5 toneladas de droga, sendo que 600 quilos de cocaína. Isso foi feito com a ajuda do governador do Paraná, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e com todo o aparato federal combinados".
"Não teve tiro, não teve morte", emendou o ministro. Na operação Contenção, deflagrada pelas polícias do Rio de Janeiro na terça-feira (28), houve 121 óbitos confirmados pelas autoridades.
Em resposta a críticas de governadores, como o fluminense Castro e o goiano Ronaldo Caiado (União Brasil), sobre a falta de atuação do governo federal na segurança pública, o ministro afirmou ainda que a Fazenda tem proposto colaboração.
"A Procuradora-Geral da Fazenda Nacional já entrou em contato com a Procuradoria-Geral do Rio, vão se levar informações, algumas delas sigilosas, nem eu posso falar para vocês, tem segredo de justiça, para o Procurador-Geral do Estado do Rio, para que ele comunique ao Governador".
O chefe da Fazenda também pediu apoio de Castro ao projeto de lei para tributar os devedores contumazes. "Devedor contumaz é uma palavra chique para falar sonegador, e, por trás do sonegador, o que tem na verdade é o crime organizado", disse Haddad. Ele argumenta que essa atividade ilícita está ligada à lavagem de dinheiro.
O projeto de lei complementar nº 164 de 2022, que trata do tema, foi aprovado no Senado na terça-feira (28) e teve regime de urgência aprovado na Câmara na quinta-feira (30). Os parlamentares do PL, de Castro, foram contrários à aceleração dos trâmites.
Em entrevista à Globonews também nesta sexta, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a Câmara deve votar na próxima semana um projeto de lei para destinar parte da arrecadação de apostas esportivas e cassinos virtuais para o Fundo Nacional de Segurança Pública. A proposta, diz Motta, tem "amplo apoio entre os parlamentares e é uma das prioridades da agenda de segurança.
Segundo Motta, a alteração seria uma proposta dos secretários de segurança dos estados. "Queremos que o imposto das apostas passe a financiar diretamente políticas de segurança, e não apenas o esporte ou a cultura", disse o presidente.
A ideia, elogiada por Haddad, é que a medida complemente o Fundo Nacional de Segurança Pública, hoje considerado subfinanciado por parlamentares e gestores estaduais.
