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Ciro Nogueira mantém aliado em cargo de prestígio na Caixa enquanto cobra saída do governo Lula

Ciro Nogueira mantém aliado em cargo de prestígio na Caixa enquanto cobra saída do governo Lula

Por Lucas Marchesini e Thaísa Oliveira/Folhapress

09/10/2025 às 06:48

Atualizado em 09/10/2025 às 06:51

Foto: Jefferson Rudy/Arquivo/Agência Senado

Ciro Nogueira

Enquanto defende a saída do PP do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se articula para tentar ser o vice do candidato da direita nas próximas eleições, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), mantém há mais de um ano um aliado como assessor da presidência da Caixa.

O piauiense José Trabulo Junior é consultor do presidente do banco, Carlos Antônio Vieira, desde 25 de setembro de 2024. Ele foi um dos coordenadores da última campanha de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência, após indicação do senador, seu amigo.

Publicitário, Trabulo Junior também chefiou a comunicação do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), entre março e novembro de 2023, em um movimento de aproximação com o PP, de Nogueira, para a campanha à reeleição em 2024.

Homem de confiança de Ciro, Trabulo integrou ainda o Conselho Fiscal da Caixa Corretora, uma das subsidiárias do banco, e foi diretor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) no governo Bolsonaro.

Segundo funcionários da Caixa, consultores da presidência recebem quase R$ 40 mil por mês. A reportagem perguntou ao banco o valor do salário, mas não houve resposta.

Ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro tem feito duras críticas ao governo Lula e trabalhado por um nome da direita para enfrentar o petista nas eleições de 2026.

Durante a cerimônia de formalização da recém-criada federação do PP com o União Brasil, o que fará com que os partidos atuem juntos nas próximas eleições, Ciro afirmou que era "constrangedor" estar no governo e acrescentou que, por ele, o ministro do Esporte, André Fufuca (PP), não teria nem entrado.

Nesta quarta-feira (8), afirmou que o PP "não faz e não fará parte do atual governo, com o qual não nutre qualquer identificação ideológica ou programática", ao anunciar que Fufuca será penalizado por desobedecer a orientação do partido.

A nomeação de Trabulo consta na lista de assessores do presidente da Caixa obtida pela Folha a partir de um pedido de LAI (Lei de Acesso à Informação) enviado em 9 de maio. A escolha era mantida sob sigilo, e a resposta só foi entregue em 22 de setembro após determinação da CGU (Controladoria-Geral da União).

Ciro não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a indicação de Trabulo.

Questionada, a Caixa afirmou que "a designação de consultores obedece às normas internas e aos ritos de governança, compliance e integridade da instituição". "O banco adota rígidos mecanismos para identificar possíveis conflitos de interesse entre seus empregados e colaboradores, assegurando a conformidade com as normas e valores que regem a organização", acrescentou em nota.

Para manter o discurso de oposição a Lula mesmo com o controle da Caixa, PP e União Brasil definiram que integrantes do governo que tivessem mandato eletivo por esses partidos deveriam entregar os cargos até o fim de setembro —o que não ocorreu.

Publicamente, hoje a principal pressão recai sobre Fufuca e o ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), que resistem a pedir demissão.

Na segunda (6), Fufuca reafirmou o apoio a Lula nas eleições do ano que vem. Nesta quarta, Sabino também comunicou à federação que prefere enfrentar o processo de expulsão movido pelo União Brasil a deixar o Ministério do Turismo.

Desde a indicação de Vieira para a presidência da Caixa pelo deputado federal Arthur Lira (PP-AL), no fim de 2023, as principais posições do banco têm sido divididas entre partidos do centrão e da direita, como o PP, o União Brasil, o Republicanos e o PL.

A decisão de Ciro e do presidente do União Brasil, Antônio Rueda, de determinar a saída dos filiados com mandato, mas preservar as demais pessoas indicadas por políticos dos dois partidos, manterá a Caixa sob o controle de parlamentares da federação.

Os dois partidos também têm indicados em outros cargos nos ministérios e estatais, como a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), a Telebras e diretorias dos Correios.

Em entrevista ao jornal O Globo no domingo (5), Ciro disse que Bolsonaro já escolheu quem vai substituí-lo e que só há duas opções: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou o do Paraná, Ratinho Jr. (PSD).

A fala provocou reações no bolsonarismo. "Eu não vi até agora nenhuma procuração que o Bolsonaro passou para o Ciro Nogueira para ele falar quem pode ser o candidato da direita, o vice… Todo mundo sabe que ele quer ser o vice", criticou o ruralista Nabham Garcia.

No fim de setembro, o senador disse que "a falta de bom senso na direita" já estava passando de todos os limites: "Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez. Por mais que tenhamos divergências, não podemos ser cabo eleitoral de Lula, do PT e do PSOL".

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