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Em posse, Boulos pede silêncio por vítimas no RJ e diz não falar com quem ataca a democracia

Em posse, Boulos pede silêncio por vítimas no RJ e diz não falar com quem ataca a democracia

Mortes chegam a 119, segundo dados do governo estadual

Por Victoria Azevedo/Mariana Brasil/Folhapress

29/10/2025 às 18:15

Atualizado em 29/10/2025 às 21:50

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Imagem de Em posse, Boulos pede silêncio por vítimas no RJ e diz não falar com quem ataca a democracia

Solenidade de posse do secretário-geral da Presidência, Guilherme Boulos

Guilherme Boulos (PSOL) tomou posse como ministro da Secretaria-Geral da Presidência em cerimônia nesta quarta-feira (29), em Brasília, pediu um minuto de silêncio pelas vítimas da megaoperação operação policial no Rio de Janeiro, disse que não vai dialogar com quem ataca a democracia e prometeu colocar o governo na rua.

"Todos nós estamos acompanhando o que aconteceu no Rio de Janeiro desde ontem e por isso, antes de falar desse momento, sobre o trabalho que pretendo fazer na Secretaria Geral. Queria pedir que todos nós fizéssemos um minuto de silêncio por todas as vítimas dessa operação do Rio de Janeiro. Policiais, moradores, todos eles".

Boulos fez ainda menção às origens do crime organizado, com crítica direta ao mercado financeiro.

"Um presidente que sabe que a cabeça do crime organizado desse país não está num barraco de uma favela. Muitas vezes, está na lavagem de dinheiro lá na [avenida] Faria Lima, como nós vimos na operação Carbono Oculto, da Polícia Federal. O presidente Lula me deu a missão como ministro da Secretaria-Geral de ajudar nessa reta final de seu terceiro mandato a colocar o governo na rua", disse.

"Aqui a missão que eu vou ter é dialogar com todo mundo. Mas tem uma exceção: não tem diálogo com quem ataca a democracia e trai o Brasil. Com esses não tem dialogo. Esses queriam ver a gente morto", afirmou. "Vamos dialogar com todo mundo, não só com quem já concorda com a gente. Dialogar com os entregadores de aplicativo, com os motoristas de Uber, com os pequenos empreendedores. Com católicos, com evangélicos, com gente de todas as religiões", finalizou.

Boulos também falou em trabalhar contra a "vergonhosa escala 6x1" e contou que ele, quando Lula foi preso na Operação Lava Jato, tentou convencer o petista, junto com outros apoiadores, a não se entregar. Em sua defesa à redução da jornada de trabalho, Boulos mandou recado ao Congresso Nacional.

"A cada mentira vai ter um desmentido. Nosso papel vai ser também expor a hipocrisia desses que dizem ser contra o sistema. Se são contra o sistema por que não apoiam nossa proposta de taxar bilionário e bet, [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad? Se defendem o povo, por que não vem junto com a gente para acabar com a escala 6 x 1?".

Governo discutiu adiar posse

A possibilidade de adiar o evento foi discutida entre integrantes do governo Lula (PT), diante da preocupação de uma solenidade com tom festivo ocorrer no dia seguinte à operação que se tornou a ação mais letal da história do estado. Segundo números oficiais do governo estadual no começo desta tarde, a ação deixou ao menos 119 mortos. A ideia de adiar, no entanto, não foi levada adiante.

Aliados de Lula afirmaram que seria uma oportunidade de o presidente da República se posicionar sobre a operação, num momento em que a oposição usa a operação para atacar a gestão federal e resgatar fala de Lula de que traficantes de drogas também são vítimas de usuários —o petista se retratou após a repercussão da declaração.

A operação gerou tensão entre o governo Cláudio Castro (PL) e a gestão petista. O governador fez cobranças à atuação do governo federal e das Forças Armadas na segurança pública, enquanto integrantes do Planalto enxergaram motivação oportunista e eleitoreira de Castro e rebateram informação de que o Executivo teria sido acionado com pedidos de ajuda para ação.

Há uma avaliação entre aliados de Lula que o governador fluminense tenta transferir a responsabilidade de sua gestão na megaoperação para o Executivo. Eles enxergam também como uma tentativa de gerar prejuízo à imagem do governo petista na segurança pública —área que a gestão Lula 3 ainda não apresentou grandes resultados e que é alvo de críticas de opositores do petista. O tema da segurança pública deverá ser um dos principais a ser explorado nas eleições de 2026.

A cerimônia desta quarta reuniu no Palácio do Planalto o presidente da República, integrantes da Esplanada petista, representantes de centrais sindicais, movimentos sociais e sociedade civil, além de parlamentares.

Estiveram presentes ao menos 17 ministros do governo federal, entre eles Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente) e Simone Tebet (Planejamento), além do vice-presidente, Geraldo Alckmin.

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), chegou ao salão onde aconteceria a posse ao lado do ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, que deve ser indicado por Lula para uma vaga no Supremo. Também compareceu a ex-prefeita Martha Suplicy, que foi vice de Boulos na chapa à Prefeitura de São Paulo em 2024, e o padre Júlio Lancellotti.

Parlamentares, sobretudo de partidos de esquerda, mas também acompanharam o evento os deputados João Bacelar (PL-SP) e Antonio Brito (PSD-BA), além do senador Giordano (MDB-SP). Presidentes de partidos da base aliada também estiveram no evento, como Edinho Silva (PT), Carlos Lupi (PDT) e Paula Coradi (PSOL).

Enquanto isso, os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos), além do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues foram ao Rio tratar da questão da operação no Rio. A princípio, a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) também seguiria para o estado, mas ficou em Brasília para a posse.

Boulos assume no lugar do ministro Márcio Macêdo, que vinha sendo criticado por sua atuação à frente da pasta. A escolha de Boulos para o cargo mira azeitar a interlocução do Executivo com movimentos sociais, reanimar a base social, sobretudo a juventude, e ganhar maior combatividade nas redes e nas ruas. O psolista é militante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e atuou diretamente em manifestações promovidas pela esquerda neste ano.

Membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) também acompanharam o evento. Como a Folha mostrou, a nomeação de Boulos gerou preocupação com possível hegemonia do MTST na estrutura da pasta —para além dos cargos em si, as posições ajudam a influenciar na definição de políticas que contemplam os projetos e causas de um ou outro movimento.

Integrante do MST disseram à reportagem que é preciso fortalecer a gestão de Boulos, diante da proximidade das eleições presidenciais. Há uma avaliação que se a atuação do ministro não for exitosa, isso poderá atrapalhar a reeleição de Lula.

Segundo integrantes do governo federal, Boulos recebeu a orientação do presidente da República de circular por todo o país em agendas. Ele também deverá focar a aproximação com movimentos sociais nas periferias. O deputado federal já informou ao seu partido, o PSOL, que não deverá disputar a reeleição no próximo ano para atuar diretamente na campanha de Lula —em 2022, ele obteve mais de 1 milhão de votos, sendo o mais votado em São Paulo para a Câmara de Deputados.

Sem Boulos na chapa, psolistas organizam suas pré-campanhas de olho em seu eleitorado, enquanto petistas armam uma estratégia para reconquistar simpatizantes que migraram para o PSOL, especialmente nas periferias.

Com a mudança anunciada por Lula, Boulos se torna o segundo ministro do PSOL. Além dele, é ministra Sônia Guajajara (Povos Indígenas), deputada federal licenciada pela sigla.

Com a troca de Macêdo, Lula chega a 13 mudanças em ministérios desde que assumiu seu terceiro mandato.

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