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Fundo de Florestas vai precisar de US$ 10 bilhões em recursos públicos até 2026, diz Haddad
Fundo de Florestas vai precisar de US$ 10 bilhões em recursos públicos até 2026, diz Haddad
Ministro da Fazenda afirma que países planejam anunciar aportes na COP30, mas não citam valores
Por Gabriel Gama/Folhapress
03/11/2025 às 22:00
Foto: Lula Marques/Agência Brasil/Arquivo
O ministro Fernando Haddad (Fazenda)
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que o aporte de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 53,5 milhões) em recursos públicos para o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) até 2026 seria suficiente para começar a remunerar os países que protegem sua vegetação.
Inicialmente, a proposta para estruturar o TFFF previa o aporte de US$ 25 bilhões. O Brasil, idealizador do fundo, anunciou o investimento de US$ 1 bilhão, via Fundo Clima.
"Se a gente terminar o primeiro ano com US$ 10 bilhões de recursos públicos, seria um grande feito", disse nesta segunda-feira (3), após participar de reuniões bilaterais em São Paulo. "A meta que todos nós estamos nos colocando é de, durante a presidência do Brasil, chegar a US$ 10 bilhões de dinheiro público, e depois podem vir as fundações, os fundos de pensão, as empresas".
Haddad se refere ao período em que o Brasil preside a COP, a conferência das Nações Unidas sobre mudança do clima. O mandato termina no final de 2026.
O ministro diz que espera uma sinalização de aporte da maioria das nações do G20, o grupo das maiores economias do mundo, no mesmo período. Também afirmou que vários países já manifestaram a intenção de investir no TFFF, mas que ainda não trouxeram números e estão aguardando para oficializar o recurso durante a COP30, que começa na próxima segunda-feira (10), em Belém.
"Para chegar a US$ 10 bilhões, bastaria que alguns países do G20 aderissem para a gente começar a remunerar os países que mantêm florestas tropicais, sobretudo os que estão endividados, porque eles não têm recursos para manter as suas florestas", afirmou.
Haddad disse que os ministros de Finanças, que prepararam um documento com recomendações à COP30, concordaram que o montante de US$ 10 bilhões em recursos públicos seria ambicioso, mas possível.
"Até aqui, falando claramente, [houve] muita discussão, muito consenso, muita urgência, mas os projetos custam a sair do papel", afirmou. "Vamos começar a colocar a mão no bolso, colocar o recurso na economia verde para acelerar o processo de transformação ecológica."
O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, afirmou que o meta de US$ 10 bilhões de aporte público "é um sucesso imenso". "É um mecanismo muito inovador e talvez contribua para resolver uma das coisas mais difíceis em economia, que é conseguir dar um valor às florestas em pé", afirmou.
O TFFF funciona como um mecanismo financeiro tradicional, que remunera seus acionistas com parte dos lucros, a taxas de mercado, e mais US$ 4 (R$ 21) para cada hectare de floresta tropical no mundo. Comunidades tradicionais devem receber 20% dos recursos.
A diferença é que o rendimento excedente é convertido para países de floresta tropical que preservem seus biomas e reduzam suas taxas de desmatamento. Sua estrutura prevê que US$ 25 bilhões deste total sejam de investimentos de países, que também recebem dividendos e servem como acionistas juniores, dando maior segurança ao mecanismo e aumentando sua atratividade.
A meta inicial de US$ 10 bilhões em investimento público, mencionada por Haddad, estaria dentro dessa fatia de US$ 25 bilhões —o restante seria, portanto, resultante de aportes privados.
