Mendonça suspende julgamento que pode cassar governador após contrato com seu instituto

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, pediu vista e suspendeu o julgamento que pode cassar o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), seis meses após o governo estadual contratar por R$ 273 mil o Instituto Iter — empresa de ensino fundada pelo próprio Mendonça. O contrato, firmado em fevereiro e já encerrado, tinha como objetivo capacitar servidores públicos. A interrupção do processo pode adiar a conclusão do julgamento para 2026, último ano do mandato de Denarium. A reportagem é de Malu Gaspar, do jornal "O Globo".

A relatora do caso, ministra Isabel Gallotti, havia votado pela cassação de Denarium e de seu vice por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022, acusando o governador de usar a máquina pública em benefício eleitoral. O pedido de vista de Mendonça ocorreu logo após o voto de Gallotti, e, embora o prazo para devolução do processo tenha expirado, o regimento do TSE impede novas prorrogações formais — o que, na prática, mantém o caso parado.

O Instituto Iter, que tem como único sócio o ex-ministro da Educação Victor Godoy — aliado de Mendonça e também integrante do governo Bolsonaro —, oferece cursos na área do Direito e gestão pública. O envolvimento do ministro com a empresa e o contrato firmado com o governo de Roraima levantaram questionamentos éticos e comparações com o Instituto IDP, fundado por Gilmar Mendes. Procurado, Mendonça não respondeu aos pedidos de esclarecimento.