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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu 31 de julho de 2024 | 18:00

Israel vai cobrar preço alto se for atacado, ameaça Netanyahu

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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou em seu primeiro pronunciamento após o assassinato do líder do Hamas que o Estado judeu está pronto para qualquer cenário de conflito no Oriente Médio, apontado diretamente ao Irã.

Foi na capital do rival que um foguete matou nesta quarta (31) em Teerã o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh. O premiê não admitiu ao vivo assassinato pelo qual era acusado pelos iranianos, que ameaça jogar o Oriente Médio em uma guerra generalizada após 299 dias de conflito entre Israel e o grupo palestino, disparado pelo mega-atentado terrorista de 7 de outubro passado.

Nem precisava: ele elencou três vitórias recentes de Israel contra adversários apoiados pelo Irã que lutam contra Tel Aviv. Citou a morte de um comandante militar do Hamas, a devastação do principal porto dos rebeldes houthis no Iêmen e o ataque a um líder do Hezbollah libanês ocorrido em Beirute horas antes da morte de Haniyeh.

Lendo um comunicado em rede de TV, ele disse: “Cidadãos de Israel, dias desafiadores estão à frente. Desde o ataque em Beirute há ameaças vindo de todos os lados. Nós estamos preparados para qualquer cenário e ficaremos unidos e determinados ante qualquer ameaça. Israel vai cobrar um alto preço de qualquer agressão contra nós, de qualquer arena”.

Confirmando os temores de que voltara de sua viagem dos Estados Unidos na semana passada menos disposto a tentar um cessar-fogo com o Hamas, Netanyahu disse que seguirá lutando pela destruição do grupo e pelo retorno dos mais de cem reféns ainda em mãos dos palestinos, boa parte deles talvez já morta.

“Não há uma única semana em que eu não tenha sido chamado a acabar a guerra, dentro e fora do país. Eu não cedi a essas vozes antes, e não vou ceder hoje. Se nós tivéssemos cedido a essas pressões, nós não teríamos eliminado esses líderes do Hamas”, disse, sem citar Haniyeh, contudo.

A ação contra o palestino ocorreu pouco depois de Israel anunciar ter matado o líder operacional e segundo em comando do Hezbollah, grupo fundamentalista libanês. Fuad Shukr foi alvejado com um ataque aéreo na zona sul de Beirute. Seu corpo foi encontrado nesta quarta, segundo a agência Reuters, mas o Hezbollah ainda não confirmou oficialmente a morte.

Desde o começo da guerra, o Hezbollah vive em atrito diário com Israel na região fronteiriça com o Líbano, um dos pontos mais preocupantes em termos de risco de escalada regional. Mas a gota d’água para o ataque foi uma ação que Israel atribuiu ao grupo no sábado (27), quando 12 pessoas, a maioria crianças, morreram na anexadas colinas de Golã.,

Já o ataque a Haniyeh, que comandava na prática a facção desde 2004 e era seu chefe político desde 2017, foi o mais duro golpe sofrido pelos terroristas desde o início da guerra. A precisão da ação, um foguete que atingiu o quarto onde ele dormia guardado por um guarda-costas, que também morreu, tem o DNA inequívoco de Tel Aviv.

O conflito mexeu tanto com a estrutura política da região que, na semana passada, o Hamas aceitou um acordo de reconciliação com seus rivais do Fatah, que comanda a Autoridade Nacional Palestina e com quem estava rompido desde 2007.

A bola agora está com o Irã e seus prepostos regionais, principalmente o Hezbollah, que foi atingido diretamente na campanha mortífera de Israel. Mas é previsível que qualquer ação concertada terá a participação dos houthis do Iêmen, um grupo rebelde xiita ligado ao Irã que domina parte do país desde o início de uma guerra civil em 2014.

Radicais livres do processo, até pela distância física do centro dos acontecimentos, os houthis estão fazendo um enorme estrago com sua campanha contra navios ligados aos Estados Unidos, Reino Unido e Israel no mar Vermelho.

Ocasionalmente, atacam diretamente o Estado judeu, como no bem-sucedido uso de um drone contra Tel Aviv, que levou a uma dura retaliação por parte dos israelenses, o bombardeamento do porto de Hodeidah citado pelo primeiro-ministro.

Se a ideia de uma guerra aberta não apetece nem a Israel, nem ao Irã, é improvável que a sequência de golpes passe completamente impune, o que levou a uma grande movimentação diplomática de aliados de ambos os lados para tentar acalmar a situação.

Críticos de Israel, como Rússia e Turquia, pediram comedimento aos atores da crise. Os EUA, considerados pelo Irã coautores da morte do líder do Hamas, negaram participação no ataque e pediram pelo fim da guerra em Gaza como o início de um processo de estabilização da região.

O problema é que Haniyeh estava à frente, pelo lado de seu grupo, de negociações para isso. Agora, mediadores como o Qatar e o Egito veem o processo voltar à estaca zero, até pela incerteza sobre a linha a ser adotada pela nova liderança do Hamas.

Igor Gielow/Folhapress
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