24 novembro 2024
Aval de ACM Neto
A decisão da oposição de apoiar a reeleição de Adolfo Menezes (PSD) na Assembleia foi referendada por ACM Neto (União). Antes do anúncio, no final do dia de ontem (29), o líder da bancada, Alan Sanches (União), consultou por telefone o ex-prefeito de Salvador, de quem recebeu sinal verde. Adolfo é amigo pessoal do atual ocupante do Palácio Thomé de Souza, Bruno Reis (União), e de seu irmão, o advogado Michel Reis.
Bancada de Elmar
Com o voto dele próprio, Adolfo já arrematou o apoio de 62 dos 63 deputados da Assembleia. Apenas Hilton Coelho (Psol) se colocou contra. Até mesmo a “bancada” do deputado federal Elmar Nascimento (União), adversário do presidente da Assembleia em Campo Formoso, não criou resistência, diante do clima de quase unanimidade na Casa. Pesou também a sintonia de momento entre Elmar e o deputado federal Antonio Brito, que é do PSD, mesmo partido de Adolfo. Os dois têm um acordo sobre a sucessão na Câmara.
Excesso de poder
Sobre a disputa pela 1ª vice-presidência da Assembleia, o PT, que almeja o posto, enfrenta forte resistência nas bancadas dos demais partidos. Até porque, em caso de impedimento futuro de Adolfo, por conta da jurisprudência do STF, os petistas poderiam ficar com o comando do Executivo e do Legislativo. Nos bastidores, esse argumento é utilizado até pelo deputado Vitor Bonfim (PV), que deseja o cargo e é da federação. Adolfo deve apoiar o colega que reunir o maior número de apoios, evitando polêmicas.
Política hereditária
A avaliação de deputados sobre Victor Bonfim é a de que ele enfrenta forte rejeição para ocupar a função de substituto imediato de Adolfo. Além das questões de relacionamento, um fator histórico pesa contra o “verde”, mesmo entre os novatos. Em 2014, o pai dele, João Bonfim, então deputado estadual, foi eleito conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) prometendo distribuir os votos que tinha entre os pares após a aposentadoria da Assembleia, mas acabou escolhendo o filho como único herdeiro do espólio eleitoral.
Questão de proporcionalidade
Em conversa com a coluna sobre a sucessão na Assembleia, o deputado Ângelo Coronel Filho (PSD) não descartou disputar a 1ª vice-presidência. Na avaliação dele, não há obstáculos para que o mesmo partido de Adolfo ocupe o posto. “A eleição pode ocorrer entre todos os cargos da Mesa Diretora. Quem vencer, leva. A proporcionalidade é garantida nos outros cargos”, disse. Em resumo: na avaliação do deputado, o PT poderia ficar com a 2 ª vice. Além da presidência, o colegiado que dirige a Assembleia tem oito vagas titulares.
Manobra do vice
Durante a eleição municipal, a coluna já havia cantado a pedra com exclusividade: eleito vice-prefeito em Feira, o deputado estadual Pablo Roberto (PSDB) não estaria disposto a tomar posse no cargo. Para não perder o mandato na Assembleia, a estratégia é se licenciar e assumir uma secretaria de peso no governo José Ronaldo (União). Depois de negar veementemente a manobra, o tucano assumiu pela primeira vez a possibilidade em entrevista esta semana a uma rádio feirense.
PEC Pablo Roberto
O plano de Pablo Roberto só dará certo, como também já mostrou a coluna, se a Assembleia aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria do deputado Manuel Rocha (União), que permite a parlamentares se licenciarem para assumir funções no primeiro escalão de prefeituras do interior. Atualmente, isso só é permitido na capital. Ao tirar apenas uma licença, Pablo ainda deve negociar com o suplente Paulo Câmera (PSDB) visando ficar com, ao menos, metade dos cargos do gabinete. Aliás, a proposta de Manuel já foi apelidada de PEC Pablo Roberto.
Apego ao Legislativo?
Quem também pode renunciar ao mandato conquistado nas urnas é o prefeito eleito de Bom Jesus da Lapa, Eures Ribeiro (PSD). Ele, que já foi gestor da cidade, teria sinalizado ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) o desejo de permanecer deputado. Neste caso, o vice eleito, Miguel Leles (PP), comandaria o Executivo municipal. A prática não é novidade e já foi adotada por políticos como Jânio Natal (PL) e Adolfo Menezes, quando foram eleitos, respectivamente, prefeitos em Belmonte e Campo Formoso, e não tomaram posse para seguirem deputados.
Caldeirão do bruxo
O senador Jaques Wagner (PT) terá que administrar uma questão pessoal e dentro do próprio gabinete se o prefeito de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB), de quem é amigo próximo, for de fato candidato à presidência da UPB, como articula o colega Zé Cocá (PP), de Jequié. Isso porque o principal assessor do parlamentar, Lucas Reis (PT), pré-candidato a deputado federal em 2026, trabalha abertamente em favor da candidatura do prefeito de Ituaçu, Phelippe Brito (PSD).
De carlista a amigo
Antes da movimentação de Lucas em favor de Phellipe, Wagner consultou Wilson sobre a disposição do amigo em concorrer à presidência da UPB. Como o socialista relutou, o “bruxo” deu sinal verde para as articulações do assessor em favor do prefeito de Ituaçu. Uma curiosidade: em 2013, Wilson perdeu a disputa pelo comando da UPB para a então prefeita Maria Quitéria, de Cardeal da Silva, porque era visto por Wagner como carlista, mesmo estando no PSB. Isso porque o sogro dele, o falecido Bernardo Spector, sempre foi muito próximo de ACM. Mas o tempo consolidou a amizade e a confiança entre eles, a ponto de Wilson ter ajudado pessoalmente o senador na compra de uma fazenda paradisíaca em Andaraí.
Sem pai
Os problemas do deputado Ricardo Maia (MDB) com o pai, conhecido em Ribeira do Pombal como Zelitão Maia, são considerados irremediáveis. Tanto que no portal da Câmara Federal, o parlamentar baiano faz referência apenas ao nome da mãe, Arileide Chaves de Souza, no item “filiação”. Na semana passada, o Política Livre mostrou que Zelitão conseguiu uma medida protetiva contra Ricardo em função de uma disputa por terras e cobrança de dívidas (LINK).
Caçador de coronéis
Por sinal, Ricardo Maia ainda não engoliu a derrota do irmão, Zelito Maia (MDB), na disputa pela Prefeitura de Araci, na região sisaleira. Ele culpa o ex-prefeito da cidade Silva Neto (PDT), primeiro suplente de deputado estadual e antecessor da prefeita reeleita Keinha Jesus (PDT), pelo resultado. Já Silva ganhou, na cidade, o apelido de “caçador de coronéis”, numa referência ao deputado, que, após uma rápida ascensão política, tentou ampliar os domínios políticos na região no pleito deste ano.
Futuro político
Sem conseguir fazer o sucessor em Camaçari, após a vitória de Luiz Caetano (PT) e a derrota de Flávio Matos (União), o prefeito da cidade, Antonio Elinaldo, começa a se dedicar ao próprio futuro político. Ele está decidido a disputar uma cadeira na Assembleia em 2026 e tem buscado votos não apenas na Região Metropolitana de Salvador, como também no Oeste do Estado, em dobradinha com Manuel Rocha, pré-candidato a deputado federal.
Lauro fora da conta
Elinaldo não deve contar com o apoio da prefeita eleita de Lauro de Freitas, Débora Régis (União), a quem ajudou bastante durante a campanha – tanto do ponto de vista político quanto jurídico e até na comunicação. Embora o prefeito de Camaçari seja o candidato do coração de Debinha, ela firmou um acordo com Teobaldo Costa (União) para apoiar a candidatura de Mirela Macedo (União), ex-esposa do empresário, a deputada estadual. Mas Elinaldo espera ao menos uma “lembrancinha” da aliada.
Investigação em Porto Seguro
A Corregedoria-Geral de Justiça (CGJ) do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) decidiu retomar as investigações sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo a 1ª Vara Criminal, Júri e Execuções Penais de Porto Seguro. O esquema, conforme denúncias, envolveria magistrados, advogados, promotor, empresários e até membros do Poder Executivo municipal. A medida tem sido especialmente elogiada neste momento em que Porto Seguro e região sofrem com violência e invasões de terras sem que as autoridades locais reajam à altura.
Fadiga de material
Um dos principais articuladores da candidatura de Ana Patrícia à presidência da OAB-BA, o advogado Fabiano Mota Santana está convencido de que ela leva a disputa – e com ampla margem de votos. Ex-candidato ao comando da Ordem, Fabiano acredita não apenas que o grupo que comanda a entidade entrou na chamada “fadiga de material” por causa dos 10 anos em que a dirige, como também no fato de que Ana Patrícia tem conseguido vocalizar de forma precisa o anseio por mudança da classe.
Pitacos
* Nos discursos e entrevistas após a vitória de Luiz Caetano em Camaçari, quando fez menção aos principais parceiros políticos, o governador Jerônimo Rodrigues não citou em nenhum momento o nome do senador Ângelo Coronel (PL).
* Para os observadores da base governista, foi mais um sinal de que o governador não enxerga Coronel na chapa em 2026. Mas aliados do senador garantem que não farão com ele o que fizeram com a deputada Lídice da Mata (PSB), em 2018.
* Vibrando com a vitória de Caetano, o deputado Júnior Muniz (PT) provocou adversários em um grupo de WhatsApp. Disse, por exemplo, que iria indicar o ex-deputado Heraldo Rocha (União) para um cargo na regulação da saúde.
* Heraldo passa o dia criticando o PT no aplicativo de mensagem e garantia que Flávio Matos venceria a eleição. Outro que tirou sarro da concorrência foi o vereador petista Tagner Cerqueira, o mais bem votado em Camaçari.
* Além das articulações políticas para ser reeleito presidente da Assembleia em fevereiro de 2025, Adolfo Menezes também tem procurado manter a forma para vestir um número menor no paletó na posse.
* Líder do governo na Câmara Municipal de Salvador, Kiki Bispo (União) mostrou nas redes sociais que não é nada modesto. Publicou uma arte concedendo a si mesmo o prêmio de “bola de ouro” por ter marcado “inúmeros golaços” como vereador. Mas como Kiki é considerado o maior ‘gente boa’, a iniciativa acabou sendo curtida por todos.
* Prefeito eleito de Juazeiro, Andrei Gonçalves se reuniu esta semana com a cúpula do MDB, partido ao qual é filiado. Tratou de projetos para a cidade com os presidentes de fato e de honra da sigla, Jayme Vieira Lima Filho e Lúcio Vieira Lima, respectivamente.
* Quem se deu bem nas eleições deste ano foi o deputado estadual Fabrício Falcão (PCdoB). Apesar da derrota em Vitória da Conquista, onde tem reduto eleitoral, o número de prefeitos que o apoia subiu de oito para 12.
* Por falar em Vitória da Conquista, desde 1996 que o PT não tinha abaixo de 45% dos votos válidos numa eleição na Suíça baiana. No pleito deste ano, o deputado federal petista Waldenor Pereira ficou com apenas 26,74%
* A médica bolsonarista Raissa Soares (PL) se mudou para Curitiba (PR) no segundo turno para apoiar a candidatura da conservadora Cristina Graeml (PMB), que foi derrotada. Lá, a “doutora cloroquina” ficou contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Política Livre