23 dezembro 2024
Ernesto é mestre em Administração Estratégica e trabalha com foco em desenvolvimento turístico desde 2001. Foi professor de disciplinas de Planejamento Turístico e Políticas Públicas de Turismo na Faculdade Visconde de Cairu e na Factur. Foi secretário municipal em Itaparica e sub-secretário em Salvador. É sócio da SOBRETURISMO CONSULTORIA, empresa especializada em projetos de desenvolvimento setorial, com inúmeros trabalhos na Bahia e no Piauí, sempre na área de turismo e economia criativa. Ele escreve às sextas-feiras neste Política Livre.
Tenho estado em reuniões em que é marcante a presença de profissionais formados em turismo, que estão assumindo funções importantes na área técnica do desenvolvimento do turismo e da economia criativa na Bahia. Ontem mesmo, na Praia do Forte, tive contato com, pelo menos, três turismólogas, na Turisforte, que impressionam pela qualidade das colocações e seriedade com que encaram o trabalho e seus desafios. Situação semelhante ocorreu na Setur, na semana passada. No mês de fevereiro, em reunião de planejamento da economia criativa, no Sebrae, em Salvador, contamos sete turismólogos na mesa, todos assumindo funções de responsabilidade, uma das quais mediando a reunião que envolvia diversos órgãos públicos. Estou trazendo esse assunto para destacar dois aspectos da questão.
Em primeiro lugar, dizer que algumas das mais tradicionais faculdades de turismo, como a Factur e a Cairu, encerraram ou estão encerrando as atividades dos cursos de turismo. Outras tantas abrem inscrições para o vestibular, mas não preenchem o número mínimo para iniciar as aulas. Isso faz pensar que no futuro próximo teremos dificuldade para encontrar esse profissional no mercado. O profissional de turismo, aquele que estudou nas boas faculdades e encarou a profissão com afinco, é um elemento fundamental no fortalecimento desse setor, cada vez mais central nas políticas de desenvolvimento do Brasil.
O turismo está mais envolvido do que nunca com a economia do país, através da economia criativa e da produção associada ao turismo, redes conceituais de produção e serviços que nunca foram entendidos como turísticos e que agora assumem mais esse papel. O bom turismólogo entende as necessidades da oferta e da demanda, do capital e da comunidade, da natureza e da economia do turismo, dos interesses individuais e dos coletivos, com uma desenvoltura difícil de encontrar em outros profissionais do ramo. Essa derrocada dos cursos particulares de turismo e a consequente redução numérica dos profissionais formados deveria ter sido objeto de políticas públicas para resolução desse problema, que afetará a todos e ao desenvolvimento do setor daqui a alguns anos.
Outra questão que vejo com clareza e que quero trazer para esta coluna do Política Livre, que, mais do que um monólogo, pode ser um campo para enriquecedores debates, é a necessidade urgente de se povoar os órgãos de turismo, sobretudo no interior do estado, de profissionais formados na área e que tenham experiência comprovada, para que juntos de economistas, administradores, sociólogos, historiadores, engenheiros ambientais e outros profissionais, formem equipes capazes de lidar com os desafios multidisciplinares e transversais que o desenvolvimento da economia criativa e do turismo nos apresenta. Naturalmente que é possível aprender fazendo, mas ter estado nos bancos universitários facilita muito.
Aproveitando que o dia 02 de março foi o Dia Nacional do Turismo, quero destacar que o turismo tem se tornado cada vez mais complexo e multissetorial, cheio de conexões e aderências a diversos outros setores da economia, com limites difusos e misturados, e assim, contar com verdadeiros profissionais é condição mínima para trabalhar e desenvolver o Brasil por esse prisma. Parabéns a todos pelo dia 02 de Março, mas, sobretudo, aos profissionais que encaram o turismo como alternativa real de desenvolvimento para nosso país.