23 novembro 2024
João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.
Os resultados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação do Aluno) ainda ecoam forte nos países que se acostumaram a liderar pesquisas de avaliação entre estudantes de 15 anos de idade. Agora, países e regiões asiáticas é que ocupam as primeiras colocações entre os 65 avaliados. Nos Estados Unidos, que não ficou nem mesmo entre os 20 primeiros lugares, a imprensa já cogita um futuro nefasto para o campo científico.
Mas os asiáticos apostaram alto na rede escolar, escolheram criteriosamente os diretores de escolas com índices mais baixos e destacaram os melhores professores para as classes com notas abaixo da média conseguindo assim superar países tradicionalmente bem colocados.
Ficamos em 58º lugar e percebemos a exultação – inadequada- do Ministro da Educação; por aqui, a Confederação Nacional da Indústria chamou atenção para um detalhe deveras importante: a extrema dificuldade dos jovens e adolescentes brasileiros que concluem o Ensino Médio em absorver a tecnologia aplicada ao mercado de trabalho. Sendo assim, aponta a CNI, nosso país corre grandes riscos de perda de produtividade e competitividade provocadas pela má qualidade do ensino básico.
O Brasil gasta R$ 64 mil por aluno nas idades entre 6 e 15 anos, o equivalente a menos de 1/3 do que gastam os países desenvolvidos, em média R$ 200 mil. Ficou nítido na pesquisa que os países com melhor desempenho tendem a distribuir os recursos educacionais disponíveis de forma equitativa, ou seja, atendem de forma mais homogênea as classes pobres e ricas.
No entanto, o Pisa de 2012 nos permitiu perceber com mais clareza que investimentos ,tão somente, não significam que o aluno vai render melhor. Para se ter uma ideia, observamos o exemplo do Vietnã, o 13º em desempenho e último em gasto. Já Luxemburgo, um pequeno país europeu é o que mais gasta, porém alcançou um modesto 25º lugar. Conclusão: A palavra de ordem é gestão. Atenção total aos pequenos detalhes que podem transformar a performance das escolas mundo afora.
O principal investimento, sem dúvida, é a formação de professores que conheçam a fundo sua disciplina e dominem as tecnologias para manter os alunos envolvidos com o conteúdo. Não há como esconder debaixo do tapete que os docentes precisam ser melhor remunerados e contar com planos de carreira eficientes para criar uma atmosfera permanentemente motivadora.
As escolas, por sua vez, devem oferecer infraestrutura adequada, distribuir as turmas de acordo com as necessidades reais oferecendo aulas de reforço, adequação da idade-série para que os alunos encontrem alternativas de saltar qualitativamente.