23 novembro 2024
João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.
Com 14 milhões de famílias contempladas nesses 10 anos, o Bolsa Família suscita perguntas básicas. Como reverter a dependência que termina perpetuando um ciclo de miséria abominável? Apenas com o rompimento deste. E de que forma? A única alternativa plausível que enxergamos é a elevação da escolaridade dos filhos dos beneficiários.
A reflexão dos especialistas é pertinente pois chegará o momento que a redução da pobreza vai se estagnar. E aí, cadê a solução? Precisamos encontrá-la e que seja rápido.
O clientelismo tem cada vez mais disparado o sinal de alerta. Em 25 cidades com maior número de contemplados do Bolsa Família foram avaliados indicadores como taxa de reprovação e evolução do Ideb. Nem todos os números foram positivos.
Fica claro, portanto, que a clientela dificilmente conseguirá emancipação da mesada do estado caso não haja evolução do ensino público; isso sim iria favorecer o surgimento de uma geração de cidadãos realmente qualificados.
Em nossa opinião a ideia de transformação social tem que conciliar vertentes: o incentivo financeiro, a garantia de que o futuro será melhor através da oferta de educação de qualidade, cursos profissionalizantes para atender ao exigente mercado atual permitindo ao aluno utilizar com desenvoltura as novas tecnologias, ou seja, com perspectivas reais de ascensão social.
Aumentou a frequência, reduziu-se a evasão. O foco do governo, agora, sem dúvida, deverá ser a qualidade da educação. Melhorando a capacitação dos professores, o acompanhamento junto às famílias, a infraestrutura das unidades e a reforma do currículo, será mais fácil e prazeroso para os beneficiários enxergar novos horizontes estimulando-os a trilhar caminhos diferentes e bem mais largos do que seus pais encontraram lá atrás.
A educação é uma lente que não pode se deixar embaçar por programas de preservação de clientes eleitorais potencialmente escravos do assistencialismo.
É necessário que se encontrem alternativas para erradicar a pobreza e o analfabetismo, contudo, tornando possível o surgimento de uma nação verdadeiramente dotada de liberdade nas escolhas.