João Carlos Bacelar

Educação

João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.

Carnaval, violência e Educação

O governo baiano mostra satisfação com os números apresentados pós carnaval em coletiva à imprensa. Citando redução de 30% da violência durante a folia, o que significa, segundo o governador, o carnaval mais seguro dos últimos cinco anos. Mas ainda assim, quem foi na pipoca- ampliada consideravelmente em 2014- esteve apreensivo. A coreografia dos meninos e meninas que passavam a todo instante lembrava as recorrentes brigas, tumultos e confusão que tanto assustam baianos e turistas.

As Tvs repetem as cenas e não é difícil identificar jovens desferindo socos e pontapés, usando drogas ou chamando para a briga grupos rivais. Chocantes imagens que nos fazem refletir. Cada vez mais se torna urgente descobrir e implantar soluções para o problema. Apenas metade dos jovens brasileiros entre 15 e 17 anos estão matriculados no ensino médio. E desses não se sabe ao certo quantos frequentam a escola e se dedicam aos ensinamentos que podem modificar suas vidas.

Faltam mais vagas no ensino médio, cursos profissionalizantes e qualidade na educação. Carecemos também de parcerias com empresas que possam oferecer estágios remunerados aos jovens ansiosos para ver aumentada a motivação pelos estudos. O governo ainda não decifrou a mensagem que acompanha os números da violência: é necessário estimular as empresas a contratar pessoas mais novas através de incentivos fiscais. É nossa obrigação tirar os jovens das ruas e lhes oferecer perspectivas.

De acordo com relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) entre os desempregados brasileiros 46% são jovens que correm três vezes mais riscos de não encontrar emprego do que os adultos. Além disso quem tem menos de 18 anos enfrenta um mercado de trabalho desigual. As oportunidades de emprego também ficam mais escassas nas regiões Norte e Nordeste. Vale registrar que as vagas são em menor número para jovens negros. As desigualdades quase sempre ignoradas existem e de forma muito contundente.

A educação figura como grande alternativa para reduzirmos índices sociais negativos. Investir nela, sem sombra de dúvida, significa melhores resultados para a economia, para a ascensão social das classes menos favorecidas, enfim, para uma dinâmica geral do status quo dos brasileiros.

No entanto, é indispensável nos concentramos em planejamentos sérios para a educação, que possam nos empurrar pra frente em prol de novos índices capazes de nos colocar no patamar que almejamos. Porém sem o medo que nos faz hoje reféns de uma realidade que queremos mudar, que precisamos substituir por outra com perspectivas ampliadas para um grande exército de jovens perdidos numa selva de gigantes.

O desafio de construirmos uma Educação sedutora e significativa para os jovens não pode ser enfrentado apenas por administradores públicos e educadores. É fundamental a incorporação de pais e da sociedade nesta tarefa. Só assim o Brasil vai encontrar os caminhos para suplantar a barreira em que se transformou o ensino médio para alavancar o desenvolvimento econômico com iguais oportunidades para todos.

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