João Carlos Bacelar

Educação

João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.

Mulheres analfabetas

Sem dúvida que o analfabetismo transcende a questão da educação, no entanto, a brutal realidade que resiste ao tempo é um indicativo de como os governos lidam com o setor. Essa semana a Unesco divulgou um dado que diz muito sobre o que percebemos no dia-a-dia; 100 milhões de jovens mulheres que vivem nos países de baixa renda (incluindo o Brasil) não são capazes de ler uma única linha. Observando o número surge a inevitável pergunta: por onde anda a igualdade de gênero?

E são as mulheres, as maiores vítimas do analfabetismo, da fome, da miséria, da violência doméstica, do trabalho escravo. A Unesco sabe da existência do grave desequilíbrio entre gêneros. O mundo tampouco desconhece. Os dados são históricos.

É necessário reunir forças de todos os campos para enfrentar o problema e permitir que as mulheres superem o preconceito. A partir disso, pode-se “startar” a educação como ponto de partida para que se atinja o desenvolvimento sustentável, uma real preocupação mundial.

Relatório divulgado há quatro anos pelo órgão apontou a existência de 800 milhões de analfabetos no mundo, sendo que dois terços eram do sexo feminino, ou seja , 530 milhões de mulheres de todas as idades não sabiam ler e escrever.

De lá pra cá será que mudou muita coisa? Claro que não. Segundo levantamento das Delegacias especializadas, muitas vezes, as mulheres se permitem escravizar, violentar em seus direitos porque não têm forças pra reagir. Nem sequer sabem escrever um bilhete pedindo ajuda. Além disso, não ignoram que o mercado de trabalho comporta um número cada vez menor de mulheres analfabetas.

No ano passado foi divulgado que no Brasil a taxa de analfabetismo cresceu após 15 anos. Pelo menos 300 mil pessoas engrossaram os números. Somos a oitava economia mundial mas uma das primeiras em descaso com a educação pública.

Segundo as previsões da Unesco apenas 70% desses países alcançarão paridade (igual frequência de homens e mulheres) no ensino básico em 2015 e somente 56% deles conseguirão a similaridade entre os gêneros no ensino médio.

E as meninas atingidas pelo analfabetismo nos países pobres sabem que a educação é uma das vias mais poderosas em direção a um futuro melhor. São conscientes da importância do estudo e sofrem por viver privadas de perspectivas para si e para suas famílias. No mês dedicado às mulheres vale mais essa reflexão. Educação de qualidade é uma necessidade real para todos.

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