25 novembro 2024
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, minimizou nesta segunda-feira (13) os ataques proferidos pelo presidente Jair Bolsonaro contra a urna eletrônica e disse que a disputa da Corte com o governo acerca da credibilidade do equipamento é coisa do passado.
“Não temos controle sobre o imaginário das pessoas. Tem gente que acha que o homem não chegou à lua”, disse. “Os críticos mais ferrenhos já diminuíram o tom na crítica. O próprio presidente Bolsonaro se manifestou pela credibilidade do sistema”, afirmou Barroso. “Esse assunto foi enterrado.”
“Além disso, montamos uma comissão de transparência, em que é inspecionado cada passo desse processo. Este ano, nos testes, vimos algumas vulnerabilidades. Em maio, haverá novos testes para mostras que essas vulnerabilidades serão aperfeiçoadas.”
A fala ocorreu durante vista de lançamento do novo modelo de urna eletrônica, que será usado na eleição de 2022. A previsão é que 224.999 novos equipamentos sejam entregues até julho de 2022 (leia mais abaixo).
Em setembro, Bolsonaro disse que, com as Forças Armadas participando da Comissão de Transparência criada pelo TSE, “você não tem por que duvidar do voto eletrônico. As Forças Armadas vão empenhar seu nome, não tem por que duvidar. Eu até elogio o Barroso, no tocante a essa ideia — desde que as instituições participem de todas as fases do processo”, disse o presidente.
Apesar de acusações de fraude terem feito parte do discurso de Bolsonaro durante anos, o presidente nunca apresentou provas de que elas tenham acontecido. Supostos indícios citados pelo presidente já foram desmentidos pela imprensa, pelo TSE e pela PF (Polícia Federal).
O presidente já chegou a divulgar um inquérito sigiloso sobre uma invasão hacker no sistema do TSE em 2018. O documento, no entanto, não conclui que houve adulteração do código-fonte do software da urna ou fraude no sistema eleitoral. Em nota, o TSE afirmou que o episódio não tratava-se de um inquérito com informações novas.
“Eu sempre gosto de lembrar que as urnas nunca entram em rede e não são acessíveis, não tem como hackeá-las. O sistema do TSE pode ser atacado, como é, mas as urnas, não. O resultado das eleições é impossível de ser manipulado”, disse Barroso.
“Ataques cibernéticos são fenômenos recentes. O mundo todo está se preparando para esse fenômeno”, disse o ministro. “Tudo é vulnerável no mundo em rede. O que fizemos foi tirar a urna da rede. Não tem como atacar a urna”, afirmou o ministro.
Nova urna
A Justiça Eleitoral apresentou nesta segunda o novo modelo de urna eletrônica, que será usado pela primeira vez nas eleições de 2022. Ela será mais moderna, mais segura e trará novos recursos de acessibilidade, informou o TSE. As urnas eletrônicas começaram a ser usadas no Brasil em 1996 nas cidades com mais de 200 mil eleitores. Nos anos 2000, todo o país passou a votar pelo sistema eletrônico.
O equipamento foi apresentado em Manaus, durante visita de Barroso a uma fábrica de urnas eletrônicas na capital. O último modelo utilizado era de 2015. O TSE informou que as principais mudanças da nova urna são em relação à usada até as eleições municipais de 2020 são:
– Adoção de processador 18 vezes mais rápido que o do modelo anterior;
– Bateria de chumbo-ácido, que precisava ser carregada a cada quatro meses, foi substituída por uma de lítio ferro-fosfato, que tem menos custo de conservação por não precisar de recarga;
– As urnas anteriores continham cartão de memória. As novas passam a ter entradas do tipo USB, que permitem a inserção de “pen-drive”;
– Expectativa de que bateria dure toda a vida útil da urna, sem necessidade de ser trocada a cada cinco anos;
– O terminal do mesário, que antes continha teclas numéricas mais “Confirma” e “Corrige”, passa a ter uma tela sensível ao toque.