23 novembro 2024
O prefeito João Henrique (PMDB) pode iniciar nos próximos dias uma operação destinada ao mesmo tempo a resolver seu problema partidário e a situação eleitoral de seu irmão, o deputado federal Sérgio Carneiro, do PT, com quem nunca teve a melhor das relações, segundo se comenta nos meios políticos.
De acordo com informações recebidas pelo Política Livre, o prefeito estaria articulando com o irmão a licença do pai, o senador João Durval (PDT), de forma a garantir a posse no Senado do primeiro suplente, ex-vereador Eliel Santana, que é também presidente do PSC na Bahia.
Em contrapartida, Eliel facilitaria o ingresso de João Henrique no PSC, com o compromisso de entregar ao prefeito o comando da legenda. Pelo acordo, passaria também um entendimento com o governador Jaques Wagner (PT) pelo qual Sérgio Carneiro, que não conseguiu se reeleger, seria convidado a assumir uma secretaria estadual.
A operação coincide com o progressivo afastamento do prefeito do ex-candidato do PMDB a governador, Geddel Vieira Lima, que foi o mentor de sua reeleição em 2008. Desde que começou a distanciar-se de Geddel, ainda no início desta campanha, João Henrique buscou aproximar-se do governador.
O movimento foi facilitado por sua mulher, a deputada estadual reeleita Maria Luíza, do PSC, que, além de ter se aliado abertamente a Wagner na Assembleia e na eleição, passou a fazer uma campanha sistemática contra Geddel durante o processo eleitoral. Além de Maria Luiza, outro membro da família se encontra no partido cujo controle João Henrique pretende assumir – é o deputado federal eleito Sérgio Brito.
Brito foi casado com uma irmã da deputada e chegou a afastar-se do casal, com o qual reatou depois, dobrando com Maria Luíza nesta campanha. O governador teria sido chamado a avalizar a operação por causa de seu interesse em também buscar enfraquecer Geddel. A idéia de assumir o comando de um partido acompanha o prefeito desde que ele assumiu seu primeiro mandato na Prefeitura, em 2004.
Foi fortalecida, entretanto, nesta campanha, quando a deputada Maria Luíza foi vítima de uma retaliação no horário eleitoral por parte de Geddel em decorrência do pouco apoio que o prefeito emprestou à campanha do candidato a governador peemedebista. Chefe da coligação em que o PSC estava, o PMDB cortou as aparições da mulher do prefeito na propaganda gratuita.
Ela foi socorrida pelo senador César Borges, do PR, que além de ter tentado colocar panos quentes no esgarçamento da relação entre Maria Luíza, o prefeito e Geddel, ainda emprestou parte de seu tempo para que a deputada pudesse transmitir sua mensagem aos eleitores na TV e no rádio.