23 novembro 2024
Eduardo Salles é engenheiro agrônomo com mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Está no seu terceiro mandato de deputado estadual e preside a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo. É ex-secretário estadual de Agricultura e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (CONSEAGRI). Foi presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia e da Câmara de Comércio Brasil/Portugal. Há 20 anos é diretor da Associação Comercial da Bahia. Ele escreve neste Política Livre mensalmente.
Mais do que nunca está posta a teste a famosa frase de Euclides da Cunha em seu clássico Os Sertões: “o sertanejo é antes de tudo um forte”. Entramos em 2017 com um saldo de 277 municípios baianos, 65% do total, em situação de emergência reconhecida pelo governo estadual em função da estiagem. Estamos diante da maior seca da história desde que os números começaram a ser monitorados em 1910. E a previsão não é das melhores.
O Instituto de Meteorologia do Reino Unido divulgou que 2016 foi o ano mais quente desde 1880 e a perspectiva é que as chuvas previstas para esse ano sejam novamente insuficientes para abastecer o consumo humano, a dessedentação animal e a agropecuária.
A situação é grave em todo o Nordeste. No Ceará, por exemplo, os reservatórios, hoje, estão com somente 7% de sua capacidade. Pernambuco, Rio Grande do Norte e Piauí também transitam nesta faixa. No semiárido da Bahia, a continuar sem chover, também caminha nesta direção.
Dados do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite mostram que, à exceção da Bahia e do Maranhão, praticamente toda a zona da mata e o litoral dos estados nordestinos estão sofrendo danos à vegetação. Em nosso estado a área seca já está chegando ao Recôncavo.
Seria exaustivo e repetitivo elencar aqui os prejuízos sociais e econômicos causados por essa estiagem prolongada na Bahia e no Nordeste. Por isso, como homem público, reconheço a minha obrigação de lutar por políticas públicas que garantam segurança hídrica e minimizem os efeitos da estiagem à população baiana.
Desde a época em que estive à frente da secretaria estadual de Agricultura e agora como deputado estadual, batalhei muito pela Lei 13.340, sancionada ano passado e que regulamenta a renegociação das dívidas dos agricultores que ficaram em débito com as instituições financeiras em função da estiagem. Esta vitória teve a participação fundamental no Congresso Nacional dos senadores Roberto Muniz (BA) e Fernando Bezerra Coelho (PE).
Consegui máquinas que são fundamentais na construção de barramentos que servem aos pequenos agricultores, recursos para obras que ampliaram a capacidade de armazenamento de barragens, a implantação de armazéns da CONAB que venderam milho subsidiado aos pecuaristas, equipamentos hidráulicos que permitiram o acesso de milhares de pessoas à água, distribuição de cisternas de polietileno e tenho como uma das minhas principais bandeiras do mandato a luta pela revitalização do rio São Francisco, entre outras ações.
Neste momento precisamos torcer muito para que as chuvas se regularizem e diminua o sofrimento de milhões de nordestinos. Mas enquanto o alívio na vem do céu, seguirei trabalhando muito na elaboração e execução de projetos que minimizem os efeitos da estiagem, que ao longo dos anos tem feito parte da história de nossa região.