25 novembro 2024
Eduardo Salles é engenheiro agrônomo com mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Está no seu terceiro mandato de deputado estadual e preside a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo. É ex-secretário estadual de Agricultura e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (CONSEAGRI). Foi presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia e da Câmara de Comércio Brasil/Portugal. Há 20 anos é diretor da Associação Comercial da Bahia. Ele escreve neste Política Livre mensalmente.
Responsável por 12.000 empregos em 23 municípios do Recôncavo e de seu entorno, a cadeia produtiva do charuto precisa ganhar maior protagonismo para ampliar a produção nos minifúndios de pequenos e médios agricultores da região e gerar mais empregos.
Quando fui secretário estadual de Agricultura, criei a câmara setorial do charuto com a participação de produtores, industriais e comerciantes. Desta forma pudemos entender a cadeia produtiva.
Conseguimos mapear os problemas. Entre os entraves estava a necessidade de abrir mercado para exportar o charuto baiano. Fui à China e participei de audiência com o ministro da Agricultura do país asiático.
Trouxemos à Bahia em 2010 uma comitiva chinesa para comprovar que nosso Estado era Área Livre do Mofo Azul, doença alegada pelos asiáticos para barrar a compra do charuto baiano.
A abertura do mercado chinês ao charuto baiano foi fundamental para a manutenção de milhares de empregos, no campo e na indústria. Para se ter uma ideia do declínio da cultura no Estado, em 1910 produzíamos 30.734 toneladas. Em 2010 eram apenas 2.060 toneladas.
Das atuais 4.000 toneladas produzidas, 97% é destinada ao mercado externo, assim como 60% dos 13 milhões de unidades de charuto produzidos.
Mas como deputado estadual também pude contribuir com a cadeia produtiva, tratando junto ao governo estadual a resolução de problemas tributários, comerciais e outros.
Somos o maior produtor do país de tabaco escuro para charuto e há uma demanda crescente do nosso produto no mundo. É fundamental estruturarmos a cadeia produtiva para ampliar os empregos gerados neste segmento.
Oferecer assistência técnica, acesso a financiamento e todo tipo de apoio aos pequenos e médios produtores do Recôncavo Baiano e entorno é fundamental para termos mais matéria-prima e permitir que a indústria amplie seu mercado externo.
Mas o charuto baiano não pode ser entendido apenas como um produto ligado ao setor agrícola ou industrial. Há a uma rota turística que pode ser explorada, beneficiando todo o Recôncavo. Sua importância econômica na história nacional é tão grande que aparece junto a um ramo de café no brasão da República.
O surgimento das fábricas de charuto em São Félix, Cachoeira, Cruz das Almas, Maragojipe, Governador Mangabeira, Muritiba e São Gonçalo dos Campos, ainda no século XIX, foram preponderantes para o nascimento do parque industrial nacional.
No Brasil, ao contrário de Cuba, a mão de obra da indústria do charuto é predominantemente feminina. Elas são as responsáveis pela produção dos charutos de alta qualidade.
Protocolei na Assembleia Legislativa da Bahia projeto de lei para declarar o charuto baiano patrimônio cultural e imaterial por entender que essa cadeia produtiva é uma grande geradora de empregos e representa um importante trecho da nossa história.
Por isso seguirei nos próximos quatro anos na Assembleia Legislativa da Bahia meu trabalho para fortalecer a cadeia produtiva do charuto.