/

Home

/

Colunistas

/

Eduardo Salles

/

O Brasil precisa ser autosuficiente na produção de fertilizantes

Eduardo Salles

O Brasil precisa ser autosuficiente na produção de fertilizantes

25/04/2022 às 10:14

Atualizado em 25/04/2022 às 10:14

O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, absorvendo 9% de toda a produção mundial. Ficamos atrás apenas do USA, da Índia e da China. A diferença é que os três primeiros são grandes produtores do insumo, enquanto que nosso país precisa importar 85% do que é utilizado pela agropecuária nacional.

Apenas em 2021, importamos 43 milhões de toneladas de fertilizantes. As cadeias de soja, milho e cana de açúcar consumiram 73% deste total. A dependência brasileira do mercado internacional já é conhecida, e a instabilidade causada pela invasão da Rússia ao território ucraniano trouxe o assunto à pauta novamente porque a agropecuária responde por cerca de 26% do PIB.

Quase metade do potássio consumido por nossas lavouras é comprado da Rússia e da Belarus. O país comandado por Vladimir Putin responde pela produção de 10% dos nitrogenados, 7% dos fosfatados e 20% dos potássicos no mundo, conforme a FGV (Fundação Getúlio Vargas). Com relação ao potássio e fósforo, o Brasil possui apenas 3% das reservas mundiais.

Mesmo antes do início da guerra, fatores como o aumento da energia, a crise no transporte marítimo e sanções econômicas impostas a alguns países são responsáveis pelo alto custo dos fertilizantes na produção nacional, o que impacta o preço dos alimentos na mesa dos brasileiros.

Como muitos assuntos no Brasil, as providências só são tomadas quando há uma emergência. E está na hora de entender que a agropecuária nacional precisa ser uma das prioridades estratégicas da economia e começarmos a diminuir essa dependência do mercado internacional. Talvez não seja possível fazer a curto prazo, mas é necessário começar imediatamente a planejar o futuro.

No último dia 11 de março foi lançado pelo governo federal o PNF (Plano Nacional de Fertilizantes), que tem como meta diminuir a dependência da importação em 2050 para 45% do total consumido na agropecuária brasileira.

Retomar a produção de adubos nitrogenados no país, por meio de investimentos da Petrobras em plantas paradas, já que as de Sergipe e da Bahia foram concedidas à iniciativa privada, é fundamental para diminuir a dependência nacional.

Outro ponto que pode ser atacado, e consta no PNF, é aproveitar as potencialidades nacionais. A EMBRAPA começou o Caravana Fert Brasil, que consiste na visita de técnicos às regiões produtoras para orientar a melhor utilização dos fertilizantes, aumentando sua eficiência.

Outro pilar é a estruturação da cadeia produtiva para a utilização de biofertilizantes. Desde 2019 a EMBRAPA colocou no mercado o BiomaPhos, que são duas bactérias que aplicadas ao solo deixam o fósforo mais disponível às plantas.

Combinar os fertilizantes minerais importados com os orgânicos, como esterco bovino, suíno e de aves, e utilizar os remineralizadores, como o pó de rocha, são outras opções que teremos que aplicar no país.

Não há, a curto prazo, uma saída para retirar nossa dependência, o que torna ainda mais urgente a necessidade de tratar o tema com a urgência necessária para nos próximos anos termos a segurança que a agropecuária nacional vá sofrer com a falta do insumo, colocando em risco milhões de empregos e a elevação do preço da alimentação no mercado interno.

ver mais artigos deste colunista
Comentários
Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Política Livre
politica livre
O POLÍTICA LIVRE é o mais completo site sobre política da Bahia, que revela os bastidores da política baiana e permite uma visão completa sobre a vida política do Estado e do Brasil.
CONTATO
(71) 9-8801-0190
SIGA-NOS
© Copyright Política Livre. All Rights Reserved

Design by NVGO

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria. Conheça nossa Política de Privacidade e consulte nossa Política de Cookies.