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O papel do crédito na sociedade de consumo

O papel do crédito na sociedade de consumo

22/11/2012 às 19:06

Atualizado em 22/11/2012 às 19:06

Nos tempos atuais, um dos alicerces da economia está fincado no consumo. O ciclo do capitalismo pode ser traduzido, de maneira simplificada, da seguinte forma. Empresas ofertam produtos e serviços ao mercado, sendo remuneradas através do lucro. Para tanto, contratam trabalhadores, que vendem sua força de trabalho recebendo em contrapartida o salário. As rendas auferidas por estes – salário e lucro - são usadas para adquirir os bens e serviços produzidos, em relações reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor. A demanda por tais bens gera a necessidade de contratar mais trabalhadores que, remunerados, novamente gastam seus salários no consumo. O oposto vale. Em períodos de recessão, o desemprego aumenta. Com isso, há menos dinheiro circulando e, por consequência, um decréscimo no consumo.

Além do emprego, existem outras formas de aumentar o dinheiro circulando de maneira a manter níveis desejáveis de consumo e, portanto, a economia em crescimento. Em nosso país, o Plano Real e a estabilização da moeda abriram o caminho para a implantação de algumas delas, entre as quais merecem destaque os sucessivos aumentos concedidos ao salário mínimo acima da inflação e os programas de transferência de renda, a exemplo do bolsa família. A dependência da renda dos aposentados e beneficiários do bolsa família em cidades do interior são uma demonstração destes fatos.

Outra forma de expandir o consumo consiste no aumento da capacidade de endividamento. Com efeito, se uma pessoa que ganha R$ 2.000,00 consegue um crédito de R$ 500,00, sua capacidade de consumo aumenta em 25%. Nos últimos anos, o mercado de consumo brasileiro mudou significativamente, O aumento da renda familiar levou milhares de brasileiros oriundos das classes D e E a migrarem para a classe C. Além disso, tivemos uma forte expansão do acesso ao crédito. O cartão de crédito, antes de uso limitado a pessoas das classes A, B e C, hoje está acessível para consumidores de baixa renda, inclusive os que sequer possuem conta em banco. Da mesma forma, as mudanças no crédito imobiliário permitiram a grande expansão do mercado de imóveis.

A crise econômica iniciada em 2008 reduziu o consumo nos EUA e na Europa, afetando diversos países. Para reduzir seus efeitos sobre o Brasil, o Governo tem adotado estratégias de estimulo ao consumo com forte ênfase na expansão do crédito, incluindo empréstimos e financiamentos de bens de consumo. Mas há um limite e um preço a pagar este modelo. Quem contrai um empréstimo recebe do banco ou financeira um dinheiro para comprar hoje o que só poderia adquirir amanhã. Em contrapartida, paga ao agente financeiro uma remuneração pelo uso do seu capital, os juros. E no Brasil eles ainda são muito altos... O resultado tem sido o aumento significativo dos níveis de inadimplência.

A adoção de uma politica crescimento econômico alicerçado no crédito sem a adoção, em paralelo, de uma politica pública de educação financeira é perversa pois, em virtude dos juros extorsivos cobrados pelos agentes financeiros, transfere para a nova classe média e para a população de baixa renda a conta da crise mundial. É preciso avançar nas politicas sociais. Feita a inclusão de 40 milhões de brasileiros na classe média, é preciso manter a agenda do Governo aberta para estas pessoas, de forma que a inadimplência não as leve de volta para a pobreza. Feita a inclusão, é preciso ter a responsabilidade de cuidar delas.

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