22 novembro 2024
Eduardo Salles é engenheiro agrônomo com mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Está no seu terceiro mandato de deputado estadual e preside a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo. É ex-secretário estadual de Agricultura e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (CONSEAGRI). Foi presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia e da Câmara de Comércio Brasil/Portugal. Há 20 anos é diretor da Associação Comercial da Bahia. Ele escreve neste Política Livre mensalmente.
O químico francês Antoine Lavoisier, conhecido como pai da química moderna, disse que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E, segundo esse conceito, a energia não pode surgir do nada e nem pode ser destruída. A única possibilidade é transformar um tipo de energia em outra.
A transição energética é uma pauta que não temos mais como fugir e precisamos quebrar paradigmas na sua produção e reaproveitamento. Não há mais como o país não possuir uma política pública que nos indique o caminho da migração de matrizes energéticas poluentes, como combustíveis fósseis à base de petróleo e carvão, para as fontes de energia renováveis como hidroelétricas, eólicas, fotovoltaicas, hidrogênio verde, biomassas e outras.
O desenvolvimento sustentável é um dos principais pilares de qualquer país que deseja oferecer competitividade ao seu setor produtivo, verdadeiro responsável pela geração de milhões de empregos. E a Bahia é abençoada porque possui o maior potencial de energia renovável do Brasil.
Conforme o Atlas Eólico e o Atlas Solar da Bahia indicam, o nosso Estado possui capacidade de gerar 195GW de energia eólica e 100GW de energia fotovoltaica. A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) informa, no entanto, que atualmente nossa produção é de 8,1 GW de energia eólica e 2GW de energia fotovoltaica.
Ainda conforme a ANEEL, em matéria publicada no Correio em janeiro de 2024, quando todas as unidades outorgadas estiverem em produção nossa produção de energia eólica chegará a 20GW, enquanto a energia fotovoltaica chegará a 27GW no momento em que 635 estabelecimentos outorgados entrarem em operação.
Apesar de reconhecer que ainda temos muito a crescer, é necessário registrar que, segundo dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), a Bahia tem se destacado na geração de energia renováveis: no primeiro trimestre do ano passado o Estado produziu 34,25% de toda a energia eólica do país, ficando em primeiro lugar; na energia fotovoltaica o índice foi de 19,72%, a segunda colocação no país.
Somos também pioneiros no país no investimento em hidrogênio verde. A UNIGEL anunciou ano passado o aporte de 1,5 bilhão de dólares para a implantação do primeiro projeto em escala industrial do Brasil.
O nosso dever de casa, porém, não pode ser só produzir mais energia, é necessário também encontrar um modelo de negócios que permita a distribuição aos quatro cantos da Bahia.
Passei a maior parte da minha vida profissional, seja na iniciativa privada como diretor de multinacionais, ou no setor público, como secretário estadual de Agricultura e agora deputado estadual por três mandatos, e posso afirmar, como conhecedor dos quatro cantos da Bahia, que a falta de energia elétrica é um dos grandes fatores que atravancam o desenvolvimento econômico na capital e no interior.
Avançamos na implantação de uma infraestrutura que permita a produção de energia elétrica com fontes renováveis. Mas, em compensação, a não universalização do acesso e a má qualidade do serviço têm sido um enorme dificultador à geração empregos.
A Neoenergia COELBA, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica na Bahia há quase três décadas, presta um péssimo serviço à população e causa um prejuízo enorme à economia do Estado. Temos inúmeras potencialidades na agropecuária, no turismo, nos serviços e na indústria, mas a deficiência na infraestrutura elétrica frustra o setor produtivo.
Nós, membros das comissões de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo e a de Agricultura e Política Rural, e outros colegas, vamos trabalhar na Assembleia Legislativa da Bahia para cobrar melhorias no serviço prestado pela COELBA e o devido cumprimento do contrato, além de ajudar a viabilizar a ampliação da produção de energia de fontes renováveis.
Não há como desenvolver nosso Estado sem esses dois pilares: ampliação e melhora na distribuição de energia. Sem esse investimento na infraestrutura, as nossas potencialidades não têm valia e perdemos oportunidades de gerar emprego e renda nos 417 municípios baianos.