30 janeiro 2025
De cima para baixo
A posição do governador Jerônimo Rodrigues (PT) de defender que a presidência da Assembleia fique com o PSD mesmo que o Supremo derrube a reeleição do atual comandante da Casa, Adolfo Menezes, filiado ao partido, desagrada deputados da base aliada. A avaliação é que, por se tratar de uma nova eleição, as negociações são zeradas. “Isso não pode ser decidido de cima para baixo. A candidatura à presidência da Assembleia se constrói também nas relações entre os pares”, disse um dos líderes da base governista à coluna.
Projeto de grupo
Os deputados seriam mais simpáticos ao posicionamento de Jerônimo se houver um acordo entre o governador e o senador Angelo Coronel (PSD) para que o deputado estadual Angelo Coronel Filho (PSD) assuma a presidência em caso de queda de Adolfo. Assim, o senador abriria mão de disputar a reeleição em 2026, cedendo, sem brigas, a vaga para o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). “Em nome de um projeto maior, de grupo, aí aceitaríamos, até porque Angelo Filho tem boa relação com os colegas. Mas teria que haver alguma negociação”, afirmou o mesmo líder.
Acordo negado
Procurado pela coluna, Angelo Coronel afirmou, no entanto, que nunca conversou sobre o assunto com o governador e que deseja disputar a reeleição ao Senado. Fontes ligadas a Jerônimo garantiram o mesmo e informaram que o chefe do Executivo estadual está preocupado em “pacificar” a Assembleia e evitar um bate-chapa entre o filho do senador e o deputado Rosemberg Pinto (PT) pela 1ª vice-presidência. Isso se Rosemberg, que ficou numa posição delicada diante da postura do governador até para seguir na liderança da maioria, se mantiver no páreo.
Lições do passado
Rosemberg tem dito à imprensa que Angelo Filho não pode ser candidato à 1º vice alegando que, pela proporcionalidade, a cadeira pertence ao PT. Ele sabe, no entanto, que em 2009, no final do primeiro governo de Jaques Wagner, o deputado Rogério Andrade, então no PFL (que virou União Brasil) e atualmente no MDB, derrotou o hoje senador Angelo Coronel, que ocupava acento na Assembleia, justamente numa disputa pela mesma cadeira.
Trato pessoal
Naquele ano, Coronel disputava a reeleição para a 1ª vice-presidência com todo o apoio do governo, que tinha uma bancada de 48 parlamentares. Rogério, que hoje é um aliado fiel do PT, pertencia à oposição, ao lado de outros 14 deputados, mas, no trato pessoal e na base da discrição, derrotou no voto secreto o candidato oficial do Executivo. Houve bate-chapa ainda pela presidência e pela 1ª secretaria da Mesa Diretora, mas com vitórias dos governistas – Marcelo Nilo derrotou Elmar Nascimento e Roberto Carlos desbancou Leur Lomanto Júnior, respectivamente.
Joias da coroa
Jerônimo segue atraindo para a base aliada prefeitos que apoiaram ACM Neto em 2022, numa articulação revelada pela coluna na semana passada. Mas as “joias da coroa” da oposição que o governador quer atrair são os gestores de Jequié, Zé Cocá (PP), e de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos). O secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), já foi encarregado de intensificar as conversas com os dois.
Atuação conjunta
Para atrair os dois prefeitos, Loyola conta com o apoio de dois deputados estaduais: Vitor Azevedo (PL), que é ligado a Ednaldo, e Hassan Iossef (PP), próximo de Cocá, que atuam em parceria com o governo. Foi Vitor, inclusive, quem negociou para que o Executivo não interferisse na disputa pela presidência do Consórcio Territorial do Recôncavo, vencida por Ednaldo. O parlamentar já levou para a base governista os prefeitos de Muritiba, Varzedo, São Félix, Serra Preta e, por último, Tanhaçu.
Prova de fidelidade
A decisão do MDB de apoiar o prefeito de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB), para a presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB) foi mais um gesto dos irmãos Vieira Lima para demonstrar fidelidade a Jerônimo mirando a permanência do partido na chapa em 2026. O anúncio foi feito no último dia 14, ou seja, 15 dias antes de Wilson se tornar o nome de consenso, com a desistência, ocorrida hoje, do prefeito de Ituaçu, Phellipe Brito (PSD), numa articulação do próprio governador. O gestor de Medeiros Neto, o emedebista Beto Pinto, será candidato a vice da UPB.
Destino de Alberto
O prefeito Bruno Reis (União) sinalizou a aliados que não fará mudanças no comando da Secretaria de Inovação e Tecnologia (Semit). Não só porque o atual secretário Samuel Araújo é considerado um técnico qualificado, mas também pelo fato de ser filho do ex-deputado federal José Carlos Araújo (PDT). Com isso, cresceram as especulações de que o vereador Alberto Braga (União) pode assumir o comando da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), hoje com Alexandre Tinôco, primo do vereador Claudio Tinoco (União).
Querendo mais
O Republicanos ainda não aceitou o convite de Bruno Reis para indicar o vereador Luiz Carlos ao comando da Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra) porque tentar negociar a ampliação de espaços na gestão municipal. O partido pleiteia a chefia da Superintendência de Obras Públicas (Sucop), subordinada à pasta, e de diretorias na Secretaria de Manutenção (Seman), capitaneada atualmente por Lázaro Jezler Filho, outro quadro ligado à legenda e que permanece no posto na reforma administrativa.
Último emedebista
A Sucop é o braço operacional da Seinfra, daí a cobiça do Republicanos. O órgão é hoje chefiado pelo engenheiro e empresário Orlando Castro, indicado para o cargo pelo MDB ainda na gestão do ex-prefeito ACM Neto (União). Orlando sempre foi apadrinhado de Geddel Vieira Lima. Chegou a presidir a Codevasf quando o emedebista era ministro da Integração Nacional, no segundo governo do presidente Lula (PT). Quando o MDB rompeu com o grupo de Neto, Orlando optou por permanecer onde está.
Porteira fechada
O Republicanos está de olho ainda nas diretorias de Manutenção e Infraestrutura e de Equipamentos e Espaços Públicos da Seman. A primeira, que cuida de asfalto, é capitaneada por Luciano Sandes, que acumula desde 2023 a função com a de titular da Secretaria de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro (Sacpb), onde deve permanecer. A segunda, que trata de contratos, é liderada por José Monteiro, outro nome da confiança de Bruno Reis. Como o prefeito não é adepto de entregar secretaria com “porteira fechada”, não vai ceder a todos os pedidos.
Densidade eleitoral
Apesar de a Câmara ter aprovado a criação oficial da Sacpb (que na prática já existia), toda a estrutura da pasta segue dentro da Secretaria Municipal de Governo (Segov). Havia a promessa de que os cargos seriam extintos na secretaria de Cacá Leão (PP), mas o prefeito aguarda a conclusão das negociações sobre a reforma administrativa para fazê-lo. É preciso, ainda, garantir a autonomia orçamentária da Sacpb, já que a Seman é hoje responsável por atender boa parte das demandas das Prefeituras-Bairro, justamente aquelas com densidade eleitoral.
Sem contracheque
Quem está ansioso para que Bruno Reis resolva logo a situação com o Republicanos é o primeiro suplente do partido, Beca, que anda reclamando de chegar ao final de janeiro sem contracheque de vereador. Ele esperava já estar sentado na cadeira diante da boa relação que tem com o prefeito e com a primeira-dama, Rebeca Cardoso. É justamente por isso que o partido ligado à Igreja Universal tensiona as conversas com chefe do Palácio Thomé de Souza.
Novato apressadinho
A proposta do novato vereador Sandro Filho (PP) de criar uma comissão especial na Câmara Municipal de Salvador para discutir a atualização do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) não vai para lugar algum. Primeiro, porque o edil sequer consultou o presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB), antes de divulgar a ideia à imprensa, sendo que o tucano lidera os debates sobre o tema. Além disso, já há na Câmara a Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, que trata do mesmo assunto e da qual, depois do movimento, Sandro Filho ficou ainda mais distante de integrar.
Pitacos
* Conforme havia antecipado a coluna da semana passada (Clique aqui para ler), Jusmari Oliveira (PSD) só oficializou a licença do mandato de deputada estadual após fazer nomeações no gabinete da Assembleia. No último dia 24, ela empregou oito pessoas.
* Embora o anúncio do governador do retorno de Jusmari ao comando da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) tenha ocorrido na semana passada, a licença dela da Assembleia só foi publicada hoje. Assume o suplente Marcone Amaral (PSD).
* Em uma audiência recente com a secretária estadual de Saúde, Roberta Santana, o prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB), não poupou o sobrinho e antecessor Rodrigo Hagge (MDB) de críticas.
* Eduardo disse à secretária que encontrou uma situação caótica na saúde do município e pediu ajuda ao Estado. Condenou o sobrinho por nunca ter dialogado com o governo. O prefeito deve ser mais um aliado de ACM Neto a aderir a Jerônimo.
* O PT inicia no dia 7 de fevereiro, em Itacaré, os encontros territoriais do partido em 2025. O objetivo é debater o resultado das eleições passadas, fazer uma espécie de workshop com os vereadores e organizar a legenda já pensando em 2026.
* O último encontro territorial do PT acontece no dia 18 de maio, em Itaberaba. O da Região Metropolitana de Salvador será realizado em Camaçari, no dia 23 de fevereiro. Serão, no total, 29.
* O senador Otto Alencar garantiu que a sigla e número do partido dele, o PSD, será mantido caso haja fusão com o PSDB. Resta saber como ficará a situação dos tucanos na Bahia, que integram o grupo de ACM Neto.
* Para o líder do PSDB na Câmara Municipal de Salvador, vereador Daniel Alves, a fusão não altera o posicionamento dos tucanos na capital. “Somos majoritários na cidade e seguiremos na base de Bruno Reis”, assegurou.
* Suplentes do PSD e PSB em Riachão do Jacuípe ingressaram na Justiça Eleitoral acusando o União Brasil e o PDT de não terem cumprido a cota de 30% destinada às candidaturas femininas no pleito de 2024.
* A denúncia requer também que sejam investigadas supostas candidaturas fictícias de algumas mulheres que tiveram votações pífias e prestações de contas zeradas. Uma delas não recebeu nenhum voto na própria seção eleitoral.
Radar do Poder, a coluna de bastidores do Política Livre