16 julho 2025
Em meio ao impasse nas negociações entre o prefeito Bruno Reis e o PSDB no bojo da reforma administrativa, o presidente da Câmara Municipal de Salvador, o tucano Carlos Muniz, decidiu indicar o vereador Sidninho (PP), de quem é muito próximo, para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante e cobiçada da Casa.
Por ser a maior bancada, com sete vereadores, o União Brasil esperava presidir o colegiado, a exemplo do que ocorreu nos últimos anos, com Paulo Magalhães Júnior, que tentou permanecer no posto mas não conseguiu o apoio de Muniz por ser ligado ao prefeito, conforme fontes da Câmara e do Palácio Thomé de Souza.
O nome indicado para liderar a CCJ, com a aval do prefeito, era o do vereador Duda Sanches. Entretanto, a decisão final cabe a Muniz, que está insatisfeito com Bruno Reis pelo fato de o chefe do Executivo municipal se recusar a entregar o comando da Secretaria Municipal da Educação (Smed) ao PSDB, conforme acordo firmado antes das eleições de 2024.
Além de tirar do União Brasil a presidência da CCJ, Carlos Muniz também não aceitou o segundo nome indicado pelo partido para compor a comissão, que era o de Marcelo Guimarães Neto. A indicação de Duda Sanches foi aceita pelo presidente e o edil será o único membro da legenda do colegiado.
Segundo apurou o site, os integrantes da comissão serão, além de Sidninho e Duda, os vereadores Rodrigo Amaral (PSDB), Maurício Trindade (PP), Aladilce Souza (PCdoB), Omar Gordilho (PDT) e Júlio Santos (Republicanos). Aladilce será a vice-presidente do colegiado.
Com essa configuração, Carlos Muniz tem a maioria da comissão, pois Sidninho, Rodrigo Amaral, Maurício Trindade e Aladilce Souza apoiariam o indicado do tucano se a base do governo decidir entrar numa disputa pela presidência.
Com o aval de Muniz, Sidninho e Maurício, inclusive, fizeram críticas públicas ao prefeito na semana passada, acusando Bruno Reis de não atender os vereadores e de descumprir compromissos firmados na distribuição dos espaços na gestão.
Sidninho ameacou até levar os vereadores do PP para a base do governo Estado. Ontem, já com as articulações em andamento para assumir a presidência da CCJ, o edil recuou e passou a defender a permanência dos pepistas na base da Prefeitura, embora tenha anunciado que vai deixar o partido.
A lista dos vereadores membros das 13 comissões permanentes da Câmara será publicada nesta quarta-feira (05) no Diário Oficial do Legislativo em edição extra. A instalação dos colegiados, com a escolha dos presidentes e dos vices, acontece nesta quinta-feira (06). Carlos Muniz não estará presente, pois foi diagnosticado ontem com Covid-19, como revelou hoje a coluna Radar do Poder.
Negociações emperradas
Como já divulgou em primeira mão este Política Livre há algumas semanas, Bruno Reis tenta convencer o Carlos Muniz e o deputado federal Adolfo Viana, principais lideranças do PSDB nos planos municipal e estadual, a aceitar uma contrapartida em troca do comando da Smed. Bruno deseja manter Thiago Dantas, ligado ao antecessor ACM Neto (União), na pasta.
O prefeito ofereceu ao PSDB a titularidade da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e a manutenção da Secretaria Municipal de Gestão (Semge), que atualmente é capitaneada por Rodrigo Alves, nome ligado a Adolfo Viana. Rodrigo é, inclusive, o indicado dos tucanos para a Smed.
Além das duas pastas, o prefeito ofereceu ainda aos tucanos o comando da Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador (Arsal). A proposta de compensação, feita de forma insistente por Bruno Reis, nunca foi acolhida por Carlos Muniz, como já revelou o site em outras ocasiões. O PSDB só aceitaria ceder a Smed se a negociação envolver a SMS e uma outra pasta com maior peso político, a exemplo da de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), o que o prefeito não aceita.
Nesta quarta, parte da imprensa divulgou que Rodrigo Alves assumiria a SMS, e que Diego Brito, chefe de Gabinete do presidente da Câmara, iria para a Semge. Carlos Muniz admitiu hoje pela primeira de forma pública, segundo foi divulgado por outros veículos, que a oferta das duas secretarias foi de fato feita e recusada.
Sem entendimento, o União Brasil foi sacrificado na composição das principais comissões da Câmara. O segundo colegiado mais importante, o de Finanças e Orçamento, será comandado pelo vereador Daniel Alves (PSDB), outro nome próximo de Carlos Muniz.
Está confirmada, no entanto, a indicação de Paulo Magalhães Júnior para a presidência da Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, como havia divulgado ontem o site, que terá maior peso este ano por conta do projeto de revisão do PDDU.